A obra tem como objetivo identificar as principais interfaces da crise, que afeta, de maneira avassaladora, o setor educacional brasileiro nos últimos trinta anos. Além disso, percorre todos os pormenores da educação brasileira e traça um panorama com um olhar crítico sobre o colapso educacional - cenário do qual, o Brasil é apenas um dos protagonistas, visto que hoje, a situação atinge o mundo inteiro, desde nações emergentes até as mais desenvolvidas. Ainda, abrange detalhes de política e planejamento educacional e modelos bem sucedidos neste assunto e sugere mudanças de rota para minimizar os efeitos perversos dessa crise tanto para as gerações atuais como para o patrimônio escolar e cultural das vindouras.
Com prefácio do professor Ives Gandra da Silva Martins, o livro aponta um novo caminho para a educação, possível graças à era da informação, caminho este que exige uma nova postura do ser humano, mas que ao mesmo tempo, gera incertezas diante da velocidade das mudanças. Este, inclusive, é um dos fatores que alavancam a crise educacional. O país apresenta carências em sua largada para o desenvolvimento, iniciada já há alguns anos – as deficiências passam necessariamente pela educação e impedem saltos maiores.
Segundo o autor, a ausência de uma política educacional consistente e modelos pedagógicos fracassados são fortes razões para a crise. A mudança deste cenário, acredita o autor, somente será possível a partir de uma educação voltada para novos conhecimentos, novas necessidades, novas tecnologias de educação em detrimento a um ensino guiado por uma visão conservadora, controladora e tecnoburocrática: “É preciso primar pela liberdade e criatividade de alunos e professores em contraste com regras rígidas e com um sistema de ensino cada vez mais esclerosado” – propõe Nathanael.
Rico em detalhes, Caminhos e Descaminhos da Educação Brasileira, reúne informações que desvendam a origem da crise e facilitam a compreensão do quadro atual. Questões voltadas para a legislação estão presentes. Exemplo disso é a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9394/96) que caracteriza o ensino fundamental, considerado o primeiro passo para a alfabetização, como universal e obrigatório para garantir a qualidade de vida da população. Entretanto, o especialista lamenta que o que realmente aconteça hoje, esteja tão distante do que deveria: “Não basta que o aluno aprenda mecanicamente a ler, contar e escrever. Entregar um diploma não é o suficiente. É necessário inserir a aprendizagem no contexto social, político e cultural do aluno para que ele desenvolva senso crítico, capacidades de escolha e de tomada de decisões” – conclui.
O ensino médio também é questionado ao lado do superior. E a boa notícia é que o autor aponta que há soluções para as insuficiências desde que governo e sociedade estejam empenhados: “A responsabilidade é de todos. Caso os recursos sejam insuficientes, que se elejam prioridades e que órgãos públicos e organizações comunitárias unam esforços” – avalia.