A fascinação pelo Afeganistão é o fio condutor do novo romance de James Meek, autor do aclamado O ato de amor ao povo. Meek, que sempre viu o país como um lugar para além de todos os caminhos, de todas as estradas, reforçou esta impressão quando o visitou, em 2001, no rastro dos ataques terroristas de 11 de setembro. O impacto da paisagem em seus sentidos foi extremo. E está presente em cada página de Estamos Começando Nossa Descida.
Com fortes doses biográficas — o personagem central da trama, o repórter Adam Kellas, segue para o Afeganistão na mesma época e, como o próprio autor, também brinca com a idéia de escrever um thriller de tom antiamericano —, Estamos Começando Nossa Descida une continentes e culturas. Uma fábula atemporal sobre a noção de diferença, de distância. Sobre a loucura e a busca pelo amor — e por si mesmo — em meio ao cenário mais inflamável da política atual.
O que o correspondente de guerra Adam Kellas mais ambiciona é se tornar um escritor. Mas ao observar, estupefato, a trama de seu manuscrito se tornar realidade nos ataques 11 de setembro, ele adia o sonho e embarca para Cabul para cobrir o conflito. Na paisagem árida, no meio de ânimos exaltados, ele se apaixona pela também jornalista Astrid. Uma mulher que cruza a perigosa linha entre observadora e participante. Entre coadjuvante e protagonista.
É o início de uma jornada que leva o leitor das montanhas ocupadas pelo Talibã às elegantes mesas de Londres, aos pântanos dos Estados Unidos e, finalmente, aos obscuros domínios da imaginação humana. Estamos Começando Nossa Descida é um romance psicologicamente agudo, que pulsa de emoção e confirma Meek como um dos mais intensos autores contemporâneos.