O presente livro investiga a hibridização cultural e o papel da escola como espaço de disputa epistemológica, analisando a formação de professores a partir das práticas socioculturais dos Vangangela. Fundamentado em uma abordagem interdisciplinar e ancorado nos referenciais teóricos de Michel Foucault, Ubiratan D’Ambrosio e Agostinho Neto, o estudo problematiza a hegemonia dos saberes ocidentais no contexto educacional angolano, evidenciando como a escolarização promove a deslegitimação dos conhecimentos tradicionais. A obra está estruturada em cinco capítulos, nos quais são explorados temas como o impacto da escolarização na identidade cultural, a fogueira como espaço pedagógico ancestral, o conceito de “Ndzili” como princípio metodológico para pesquisas em etnomatemática, a cosmovisão e organização sociopolítica dos Vangangela, e a necessidade de um diálogo intercultural entre os saberes locais e o sistema educacional formal. Por meio da interlocução entre narrativas orais, memórias pessoais e reflexões filosóficas, o autor propõe uma educação que valorize as epistemologias subalternizadas, fomentando um currículo que reconheça e integre os saberes tradicionais. A obra destaca a urgência de repensar os modelos pedagógicos vigentes para superar a colonização epistêmica e fortalecer a autonomia identitária e cultural dos povos africanos.