Neste instigante estudo ora apresentado por Flávia Duarte Lanna, derivado de sua tese de doutoramento, temos como núcleo de pesquisa a música e os espaços da capital mineira em um recorte temporal que parte da construção da nova capital até o final da década de 1960. A autora reúne premissas e argumentações interessantes sobre como as fronteiras de uma cartografia oficialmente idealizada e definida, como a de Belo Horizonte, se reorganizam e se reconfiguram diante de outra cartografia, mais espontânea e fluida: a prática musical que ocorre na utilização, trânsito e ocupação de lugares e espaços urbanos. A este cruzamento ela dá o nome de “acontecimento musical”, que então representa um elemento de interação na cidade, cria novos lugares de socialização, convivência e troca, rompendo limites estabelecidos pelo espaço, pela história e pelo preço da urbanidade belo-horizontina.