A psicanalista Maria Rita Kehl, vencedora do Prêmio Jabuti de 2010, retorna às livrarias com a coletânea de textos Bovarismo brasileiro. Abarcando desde a literatura de Machado de Assis até um estudo de caso - o atendimento de um militante do MST -, a ensaísta passa ainda por reflexões acerca das origens do samba, do manguebeat, do período de expansão da rede Globo e da primeira campanha de Lula. Kehl busca recompor uma parte do que chama de quebra-cabeça inacabado chamado Brasil ao analisar os sintomas sociais brasileiros a partir do século XIX, explicitando aspectos fundamentais para a formação cultural do país. Os ensaios trazem reflexões sobre o que hoje já se naturalizou entre nós, como o poder unificador da televisão, percebido com espanto na década de 1970, em plena ditadura militar, e a questão dos restos mal elaborados da escravidão na sociedade brasileira.