Capistrano de Abreu sempre foi reconhecido como um dos maiores historiadores brasileiros. Mas, para alguns, ele nao conseguiu ir tao longe quanto poderia. Apontado certa vez como grande promessa de historiador , falhou, na opiniao de Helio Vianna, por nao ter feito o que dele se esperava, ou seja, uma grande Historia do Brasil, a obra-prima que, afinal, nao se concretizou. Neste livro, Fernando Amed estuda um outro aspecto nao menos importante da obra do historiador cearense, sua correspondencia. Capistrano de Abreu sofreu do mesmo mal que atormentou varios intelectuais brasileiros, o gigantismo epistolar . Escritor compulsivo e melancolico, usava as cartas como meio de entender e interpretar o Brasil. Assim, na correspondencia com Joao Lucio de Azevedo, Mario de Alencar ou Paulo Prado transparecem nao apenas angustias existenciais, mas todo um modo de pensar os problemas de um pais que entrava na modernidade sem tirar um pe do passado. E, como Capistrano nao escreveu a tal Historia do Brasil, nas cartas podemos perceber muitas das questoes que, provavelmente, teria apresentado na sintese tao esperada, caso tivesse dedicado um pouco menos de tempo a abrir envelopes e a escrever longas cartas a seus amigos intelectuais.