Na história das sociedades com escrita há uma longa tradição na produção de cartas, desde a antiguidade até a contemporaneidade digital. No âmbito do conhecimento educacional ela está presente, como nas Cartas à Guiné Bissau. Registros de uma experiência em processo, de Paulo Freire. Coerente com seu princípio dialógico, Freire apresenta a experiência de reconstrução nacional vivida por Guiné em seu processo de libertação do jugo colonial português, a alfabetização da maioria analfabeta da população, a associação entre educação, produção econômica e saúde. Podemos dizer que, conversando com os quadros guineenses e com os (as) leitores (as), o autor fala da pedagogia do oprimido em prática. Para os estudiosos da História e, particularmente, da História da Educação, elas têm sido fontes privilegiadas sobre a produção intelectual, a rede de relações, os posicionamentos dos sujeitos educacionais diante de seu tempo. Um bom exemplo é o livro Destino das letras: história, educação e escrita epistolar, organizado por Maria Helena Camara Bastos; Maria Teresa Santos Cunha; Ana Chrystina Venancio Mignot (2002). O livro conta com 12 artigos sobre 12 tipos diferentes de cartas que guardam consigo sinais de seus tempos e contam, de diferentes maneiras, a história da educação. O projeto deste livro surgiu vinculado às práticas de ensino no âmbito das disciplinas EDF 0120 História da Educação II e EDF 0287 Introdução aos Estudos da Educação: Enfoque Histórico, parte do currículo dos cursos de Pedagogia e demais Licenciaturas ofertados pela Faculdade de Educação da USP.