Da intimidade de uma casa compartilhada a uma busca por genealogias e sentidos de se ver, Casa Cheia, o primeiro livro de poemas da poeta, professora e pesquisadora Fabiana Carneiro da Silva, nos leva pelos interstícios de uma trajetória inquieta. Entre nascenças e heranças, das origens da poeta – filha de migrantes nordestinos – em São Paulo, mesclando-se em tempos, espaços e geografias afro-indígenas que nos acenam o Brasil, a Bahia, e diversos sentidos de diáspora, a poesia de Fabiana traz um eu lírico de entrelinhas e respiros, em elaboração do entendimento de o que é de ser neta, filha, mãe, mulher. A obra transita entre formas, transcriando o ritmo, a corporeidade e a experiência de se estar em entre-lugares, e convida a uma investigação sensível e profunda dos pertencimentos, como aponta Rodrigo Lobo Damasceno na orelha do livro: “Lidando com o familiar e o insólito, o íntimo e o público, o verso e a prosa, o antigo e o que está por vir, Casa cheia parece fazer o movimento descrito num dos seus mais belos poemas: “Da lama que me constitui,/ eflui o asé/ que dispara meu voo/ Voo alto (sem rasante)/ alcanço o dentro” — da matéria lamacenta do solo, parte o voo que, quanto mais alto (e por isso mais longe), mais perto e profundo se torna, é com esse tipo de equilíbrio raro e preciso que o livro de Fabiana chega aos leitores e à poesia brasileira”. – Rodrigo Lobo Damasceno. Casa Cheia também é um livro circunscrito às forças da natureza: terra, ar e água se inscrevem no texto e moldam a poética da autora, a qual, nas palavras de tatiana nascimento no seu posfácio da obra, poderia ser descrita assim: “percebesse, assim como eu, aqui nesse livro alguma coisa que é a um tempo só firme desde sua própria delicadeza, sua finura? algo que afiadamente corta, também, se você toca pelas bordas – que toda palavra tem alguma aresta, sabe? até aquelas mais macias, feitas água…” – tatiana nascimento. Sobre a autora: Fabiana Carneiro da Silva nasceu em São Paulo em 1985, seguindo suas origens familiares, retornou à Bahia e hoje vive na Paraíba. É crítica literária e docente na Universidade Federal da Paraíba, autora do livro Omíníbú: maternidade negra em Um defeito de cor (Edufba, 2019). Casa cheia é o seu primeiro livro de poemas.
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