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O subtítulo de Civilização e Cultura indica que a obra reúne "pesquisas e notas de etnografia geral". Modéstia. Na realidade, trata-se de um inigualável tratado da ciência que estuda "todas as manifestações materiais da atividade humana" (definição de Jules Hamy), sentido e construído, mas sobretudo pensado por um grão-mestre do assunto, capaz de raciocinar por sua própria cabeça. "Realizo um jabuti brasileiro que não se esconde no bojo da viola de nenhum urubu voador para ir à festa do céu 'científico'", ironiza Luís da Câmara Cascudo.
Construída com erudição caudalosa e simplicidade de água corrente, sólida e harmoniosa como uma catedral medieval, a obra tanto pode ser compulsada por especialistas como por iniciantes em etnografia. É uma aula memorável, sem paralelo na língua portuguesa, pronunciada por vezes em estilo quase desabusado, que talvez faça muito cientista torcer o nariz.
Assim, para alertar sobre a dificuldade de se ter uma visão clara do homem pré-histórico, Cascudo conta a briga entre um soldado e um marinheiro, desenrolada diante de cinqüenta pessoas. Apesar de tantas testemunhas foi impossível reconstituir como começara e terminara a luta, tamanha as contradições dos depoimentos.
Partindo da conceituação da ciência, analisando a sua evolução, debatendo as suas doutrinas, a obra sintetiza milhares de anos de civilização e cultura, do paleolítico aos tempos históricos, numa viagem milenar, da vida do homem das cavernas à organização do governo e a formulação de leis, trilhando todos os atalhos e avenidas que se desenvolveram em paralelo a esse grande milagre: a busca do abrigo, a propriedade, as atividades de caça e pesca, o comércio, os transportes, a religião, a família, a compreensão do próprio caminho do homem como criador e transmissor de civilização e cultura.