Os primeiros seres vivos - há cerca de quatro bilhões de anos - tinham que interagir com o meio ambiente de forma efetiva, de modo a garantir a troca de substâncias e a energia necessárias para a manutenção dos seus processos internos, a sua autopoiese. Esses seres procariotas, num ambiente aquático, necessitavam mover-se, aproximando-se de alimentos ou fugindo de substâncias tóxicas, por exemplo. Podemos considerar, portanto, a existência de um comportamento motor já naqueles primeiros organismos. Por outro lado, eles tinham que processar as informações disponíveis, de modo a desencadear uma conduta que garantisse sua existência e muitos autores já consideram esse processamento como cognição. Nessa perspectiva, a cognição e o comportamento motor estão intimamente interligados desde o aparecimento dos seres vivos. Os processos mentais, ou a mente, têm a função de computar as informações necessárias para a interação adequada entre os organismos e seu ambiente e é isso que chamamos, em última análise, de processamento cognitivo. Assim, todos os seres vivos necessitam desse processamento e têm uma mente, mesmo que seja muito primitiva. Mais ainda, a mente não poderia ser separada do corpo, nem do ambiente onde ele se encontra, pois dessa interação decorre o processamento que a origina. Durante milhões de anos, todo o processamento das informações e todo o comportamento resultante era feito por estímulos e respostas baseados em processos físico-químicos relativamente simples, sem envolver o que chamamos de processamento consciente. Isso teve continuidade, mesmo com o advento dos seres pluricelulares e o aparecimento de um sistema nervoso mais organizado (há uns 600 milhões de anos), que passou a coordenar o processamento das informações e o controle da conduta. O fenômeno da consciência, tal como a experimentamos, só teria sido possível com o surgimento de um sistema nervoso bastante complexo e com uma disponibilidade da energia necessária para o seu funcionamento, prov