Conto de um homem só reúne narrativas fortes em mais de um sentido. Precisão vocabular em linguagem coloquial e às vezes um tanto sincopada, a coletânea tematiza ternura, solidariedade, veraneio, indiferença, adultério, estupro, incesto e erotismo. Entre os contos, obras-primas como "A queda de Kamchatka"e "Neve e mormaço". (Raduan Nassar) A solidão é um dos elementos recorrentes da nossa vida contempoânea, ultraconectada, online e telepresencial. E é uma característica algo triste do universo masculino que homens parecem particularmente pouco preparados para lidar com ela de modo saudável. Conto de um homem só, de Guilherme Giugliani, se propõe a apresentar essa solidão contemporânea, sua melancolia, suas consequências danosas e muitas vezes feias como um cristal de muitos lados. Treze lados, mais especificamente, os treze contos deste livro bastante coeso em que cada história é um recorte bem delicado, uma iluminura de perda, um berloque de violência. Sendo um livro tão masculino sobre silêncio e solidão, faz sentido que a prosa também se dê ares lacônicos numa clara inspiração em Hemingway e seu tom econômico na superfície com riqueza de subtextos na camada mais profunda. A diferença é que seus subtextos, ao contrário do modelo, tendem a ser mais explícitos – em um livro sobre incomunicabilidade, fica claro que Giugliani quer comunicar algo com seus contos. E o faz de modo seguro. Carlos André Moreira (jornalista escritor e crírtico literário).