Da matriz corporal, segundo a perspectiva de Rubem Alves, nascem as divindades, a religião e a crítica das religiosidades opressoras, a teologia, as artes, a filosofia, as questões centrais da educação, a política. São variações do que se poderia chamar de somatologia alvesiana. Dito de outra forma, a questão da corporeidade em Rubem Alves atravessa uma multiplicidade de experiências e saberes humanos, uma vez que todos esses são modulações do corpo-verbo, o que nos permite dizer que o pensador mineiro orienta-se pela questão das qualidades corporais e das qualidades dos mundos históricos que permitam fazer da vida uma dinâmica a ser vivida intensamente. Por causa desses traços, escolhemos alguns temas, questões e conceitos alvesianos de matrizes teológico-filosóficas para abordar a riqueza de seu pensamento somatológico. Os capítulos a serem percorridos ao longo deste livro são variações teológico-filosóficas sobre o corpo-verbo. Como o sentido dessas variações é assinalar a potência corporal (corpotência) como índice de afirmação da vitalidade humana no mundo, ao trilharmos as questões teológico-filosóficas de Alves, talvez fique claro o sentido vitalista de seu caminho de pensamento. Sem pretensão de esgotar os contornos desse vitalismo, o livro pretende deixar claros a riqueza e os desafios de se pensar a condição humana e o mundo por meio do corpo e suas múltiplas qualificações possíveis. Acreditamos, portanto, que a antropoteofagia, as divindades, a esperança, a mística, o protestantismo, ou seja, os temas e conceitos abordados neste livro, sejam excelentes portas de entrada na somatologia vitalista de Rubem Alves.
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