Fruto da revolução burguesa que se havia criado no seio do mundo feudal, uma sociedade feudoburguesa começou a constituir-se imperceptivelmente desde o século xiii e cresceu de modo caótico, próprio dos grandes deslocamentos sociais. Enquanto durou o processo expansivo, desde aquela data até as primeiras décadas do século xiv, uma incontida e incontrolável mobilidade social foi sua principal característica, em virtude da qual a composição da nova sociedade e a relação recíproca entre seus grupos variou confusa e permanentemente. Contudo, nos primórdios do século xiv, percebia-se em muitas regiões um princípio de estratificação muito marcante, principalmente em algumas cidades. Mas, a partir do início da retração econômica que começava a se manifestar no momento, as relações precariamente estabelecidas foram mudando, e apareceram, sobretudo nas sociedades urbanas, novas posições virtuais que constituíam outras tantas possibilidades para aqueles que quisessem tentar a aventura da ascensão social. Uma forte tendência à mobilidade também foi percebida nas áreas rurais. Alterou-se a posição da antiga nobreza e viu-se aparecer uma nova, enquanto os campesinos ascendiam e caiam conforme sua sorte no jogo da nova economia.