Há um bordão nas redações de jornais que os editores sempre recitam quando os repórteres se alongam demais na explicação da matéria que trouxeram da rua: Senta e escreve . São as palavras mágicas para aferir rapidamente se o discurso animado do repórter tem tradução concreta isto é se sobrevive em contato com a frieza do papel. Gustavo Franco tem um editor imaginário desses na cabeça. Quando as teses brilhantes do Plano Real orbitavam a muitos metros do solo ele foi o membro da equipe que tomou essa providência: sentou e escreveu. Acabou virando uma espécie de relator daquele grupo histórico porque aparecia a cada reunião com um papel onde ordenara e dera sentido prático às belas conjecturas da reunião anterior. Dizem as más línguas que os economistas constroem suas teses para forjar um sentido à realidade que não compreendem. Eis aí o principal atrativo destas Crônicas da Convergência: a economia jamais é um pretexto para a pena do autor. Ao contrário o leitor notará que são textos pregados ao chão da realidade e a serviço dela cada artigo provavelmente nascido de uma dessas ordens do editor imaginário ao ver passar uma boa idéia sobre o Brasil e o mundo: Senta e escreve .