Falar da vida de gente comum sem cair nas armadilhas da fofoca, pode parecer fácil, mas não é. Esse jogo de cintura é uma prerrogativa de poucos. É preciso ser um mestre da palavra para contar causos sem ferir ou interferir na vida dos personagens. Esse é o diferencial de Renê Ruas, que acaba de lançar o livro de crônicas Cuíca no Velório Samba de Arrelia e Arrabaldes , pela Editora Realejo. Se valendo de um texto prazeroso, recheado de um linguajar peculiar, que prende a atenção do leitor, Renê faz um passeio pelo dia-a-dia dos habitantes de uma Santos que já não existe mais, contando casos hilários que não devem se perder no tempo. Os personagens são figuras reais ou meio reais , como define o próprio autor, que transitam entre a conduta exemplar e a malandragem, entre a comunhão de um casamento perfeito e a traição, entre a verdade e a mentira, mas, sempre sem perder o humor. O bairro do Marapé é o cenário dessas histórias contadas por quem, de fato, enxerga o que vê. Costumes, sentimentos e vivências, se misturam com a batida marcante do samba de raiz e o embalo do chorinho que nunca abandonaram a vida desses personagens. Cuíca no Velório conta com ilustrações do cartunista Lauro Freitas e prefácio do jornalista Julinho Bittencourt que capta com sensibilidade o que Renê Ruas descreve em 25 crônicas.