Dá pra pensar, a partir da Isadora-forasteira na Argentina, num livro de deslocamentos. O movimento de quem não sabe a que lugar pertence surge já em "dois pra lá dois pra cá". Aí a dúvida não vem da alma, mas do corpo que não define pra que lado vai e dança na mistura das línguas no próprio poema. Marcado por sua condição alienígena, o corpo deve empurrar seus dentes, forçar uma integração com o outro idioma, reescrever-se sendo sempre o mesmo.[...] Pra além da longa travessia do paquiderme que vai da Índia à Áustria no incrível “presente de casamento”, o que se desloca é uma poesia viajante por dentro da pele, poesia-corpo do elefante, bicho feito de pura memória – mãe da saudade. Isadora nos mostra que, assim como ela, também caminhamos movidos pela saudade do que nem compreendemos em nós.