A existência (ou não) de Deus e a relação do ser humano com o divino são temas recorrentes na literatura, nas artes. Mas a poesia sempre encontra formas de revelar novos diapasões. Deus contra o tempo, segundo livro de poesia de G. F. Bertani, revela a tranquilidade de quem cultiva as palavras há anos e não se atém à manipulação da linguagem, ao minimalismo ou à fragmentação que arrebatam a poesia contemporânea. Arriscando-se em estruturas sintéticas como a dos haicais ou vociferando em jograis que dão eco às palavras, Bertani vasculha o pecado e o castigo, sonda o amor e o desejo, revolve prazeres efêmeros no cotidiano, no consumo, na religiosidade, na passagem do tempo, na morte. A partir do que extrai da própria vida – reflexões e fatos –, transforma ideia em trama ao mesmo tempo complexa e clara, ácida e doce. E não sugere respostas. Como alerta o autor logo nos primeiros versos de Deus contra o tempo, mais que um convite ao poético, “eis aqui uma provocação”. Marca: Não Informado