Em sua crítica ao liberalismo pós-moderno, hegemonizado pelos Estados Unidos, Aleksandr Dugin identifica um leviatã global. Fundador da Quarta Teoria Política, o pensador russo propõe uma síntese altiva entre religião, metafísica tradicional, sociologia e ação política, em resposta à crise espiritual e cultural de nosso tempo. Sua construção teórica, no entanto, revela contradições e uma frouxidão conceitual que enfraquecem sua autoridade enquanto representante da Tradição. Em Dugin contra Dugin, Charles Upton se dedica a desmontar essa proposta ambiciosa. Mussulmano, sufi, veterano e pacifista americano, Upton partilha da preocupação central de Dugin, mas rejeita os caminhos abertos por ele. Sua crítica revela inversões metafísicas, deturpações do cristianismo ortodoxo e do Islam e indícios de flerte com o satanismo. Embora reconheça o mérito de Dugin ao enfrentar a decadência espiritual moderna, Upton afirma que seu afastamento da Tradição Primordial conforme entendida por Guénon e Evola inviabiliza qualquer alternativa real ao colapso que denuncia. Para embasar sua crítica feita a partir da própria Tradição, Upton analisa a história da esquerda americana, os riscos da alt-right e propõe um patriotismo espiritualmente enraizado. Dugin contra Dugin se estende para além da simples refutação, colocando-se como uma defesa da Tradição como eixo transcendente às ideologias. Ao destacar a metafísica tradicional como via de libertação diante das corrupções modernas, a obra conclui com um chamado ao reencontro com as raízes espirituais da humanidade.