Com a marcha em curso da destruição até mesmo de nossas bases materiais, o questionamento crítico e fundamentado da nossa organização social torna-se não somente problemas teóricos no campo político, social e filosófico com os quais deparamos, mas um imperativo ético preservador da sobrevivência da espécie humana. Apesar das evidentes patologias sociais as mediações institucionais historicamente desenvolvidas para o exercício do poder político na sociedade capitalista, continuam a se mostrar como poderes separados e acima da sociedade, continuam a se mostrar como estruturas impermeáveis à transformação social e à democratização efetiva e substancial das relações sociais de produção, de propriedade e de poder. Até mesmos os direitos humanos elementares tornam-se abstrações cuja efetiva implementação carece de uma rede de práticas materialmente sustentadas e socialmente viável, mantendo assim, o contraste entre a realidade que existe por toda parte e as potencialidades humanas. Se quisermos diminuir progressivamente este contraste a questão importante está em detectar o existente, projetar o possível e transformar a potencialidade em realidade.