Com uma contribuição significativa para a literatura portuguesa contemporânea, a poesia de Daniel Gonçalves suscita emoções e destaca-se por exibir uma sensibilidade apurada e um lirismo introspectivo que se cruzam com questões existenciais. A sua escrita é marcada por uma linguagem carregada de profundidade simbólica, explorando com frequência temas como a solidão, a memória, o amor ou a sua impossibilidade, a identidade e o tempo. O autor prefere a contenção e a sugestão em vez do excesso retórico. Assim, para Gonçalves o meticuloso labor poético não se dedica à busca da metáfora, mas ao tratamento da metamorfose das palavras erigidas na composição dinâmica de uma constante tensão metonímica. A qualidade da poesia de Daniel Gonçalves reside também na capacidade de dizer o indizível de nós e das coisas para nós, convocando o quotidiano e elevando-o ao plano da reflexão filosófica e estética sem perder o vínculo com a experiência vivida e a relação do ser humano com a restante natureza. O tom é por vezes melancólico, mas nunca resignado. A latente inquietação, que dinamiza a força intelectual e emotiva do poema, acede a uma espécie de silêncio criado no rumor entre as palavras, exigindo do leitor um olhar singular sobre o lugar onde surgem versos que se propõem combater a ausência do homem no homem e pretendem dar testemunho da existência de uma sensibilidade superior à espera que a humanidade a faça sua. Marca: Não Informado