O livro é leitura importante para todos que desejam compreender o pensamento político e sociológico brasileiro. Em poucos capítulos, retrata a magnitude do pensamento social, sem se esquivar de tratar temas espinhosos como a questão racial, a questão nacional e a revolução brasileira. Traz à tona, ainda, autores negros e outros intelectuais pouco lidos e reconhecidos no meio universitário brasileiro. A obra é um mergulho nessas questões de forma clara, honesta e profunda. No debate sobre a questão racial, apresenta as posições de Guerreiro Ramos e Abdias Nascimento, bem como a tarefa do combate ao preconceito racial neste imenso país. As contribuições de Florestan Fernandes, fundamentais nesse debate, também são contempladas Não passa despercebida pelo autor a ausência de mulheres negras que contribuíram – e ainda contribuem – para pensar este país, como, por exemplo, Conceição Evaristo, Carolina Maria de Jesus e Miriam Alves. Trata-se de uma questão pertinente, que não será superada se não a encararmos com a seriedade que exige. A questão nacional é tão atual quanto a luta anti-imperialista. Em um momento em que parece não haver um projeto nacional de país, discutir a contribuição da ESG (Escola Superior de Guerra) e do ISEB (Instituto Superior de Estudos Brasileiros) torna-se crucial – não para repetir o passado, mas para compreendê-lo melhor e, assim, poder superá-lo. Nesse sentido, Ricardo Shiota realiza um exercício fecundo. O livro aborda ainda um tema essencial que, todavia, permanece entre os grandes dilemas brasileiros: a necessidade de uma revolução. De forma robusta, reconstitui os principais aspectos do debate em torno da “Revolução Brasileira”, travado em meados do século passado e que continua a representar a mais decisiva encruzilhada histórica do país. Todos esses elementos tornam esta obra um convite ao conhecimento dos pensadores brasileiros, por sua importância como intérpretes do Brasil – numa perspectiva crítica que nos convoca a conhecer a nós mesmos para, de forma consciente, construirmos um país altivo e soberano. | Joana Coutinho - UFMA
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