Em um momento particularmente inquietante, em que assistimos, estarrecidos, à decadência de valores humanos (em quase todas as instituições sociais) e da própria vida humana, como se as barbáries e comoções vistas na televisão e nas ruas trilhassem um caminho fútil, é premente falar sobre ética e, mais do que isso, torna-se basilar que nossas posturas sejam sobrecarregadas de ética, sob pena de nos acostumarmos às desgraças e destemperanças alheias. E tratar de ética em um quadro dessa ordem corresponde a um convite a nos qualificarmos como agentes antiéticos, promotores de desavenças em um mundo perverso, em que o questionamento é tão bem-visto quanto um soco nos miolos. Daí a ética precisar ingressar na agenda das preocupações de quem tem à frente respeito para com o próximo e sede de mudança da conjuntura moderna - a ética como substantivo concreto.