Charles Berstein chega, enfim, ao Brasil. Bernstein - poeta inventivo, excepcional crítico literário líder do movimento L=A=N=G=U=A=G= =E poetry, lançado por ele e Bruce Andrews, em 1978, em Nova York. Seu The Sophist (1987) é considerado um dos principais livros de poesia norte-americana da segunda metade do século XX. Em Histórias da guerra, flagra-se seu começo (Parsing, The sphist) e seu agora, de With strings (2001) e, sobretudo, Gilry man (2006). A poesia de Bernstein acaba por ser vítima, aqui, da resistência ideológica que há contra os ianques, embora, por ser inovadora, acrescente e abra perspectivas para a poesia brasileira contemporânea. É, na expressão de Anne Mack, a poesia do desacordo ou poesia que desponta o leitor ao afastar-se do tradicional equilíbrio entre opostos e qualidades. João Cabral de Melo Neto dizia que Joan Miró não pintava quadros, mas pintava e ponto, e que, ao privilegiar a linha e o traço, rompia com o equilíbrio renascentista da representação, que levava outros pintores à tela com composições prontas. Cabral definia a pintura de Miró como constante dinâmica, sem aspiração de tornar-se gramática - o que vale para a poesia de Bernstein, igualmente.