O que a autobiografia de Michelle Obama, a onda de exposições artísticas imersivas e a série Fleabag têm em comum com a catástrofe climática, o sucateamento das universidades e a uberização do trabalho? Imediatez parte do gesto audacioso e fora de moda de propor uma chave mestra para diagnosticar o capitalismo contemporâneo. Seja você mesmo, sem filtro, fale a real, conte sua própria história, sem artifícios ficcionais ou estéticos, promova uma conexão direta, sem média nem mediação... Anna Kornbluh identifica que os valores que marcam a paisagem cultural hegemônica do nosso tempo não apenas são enganosos um estilo caracterizado por uma pretensa ausência de estilo , como são imperativos decalcados da nova fase que o capitalismo ingressou nas últimas décadas. Atualizando o diagnóstico de Fredric Jameson que marcou época, Imediatez: ou o estilo do capitalismo tardio demais indaga o que vem depois do pós-modernismo e formula uma resposta à altura. Em um momento no qual as urgências econômicas, ecológicas e sociais do presente transformaram em um luxo supérfluo a opacidade das obras de arte, desvios literários e reflexão demorada, este livro aposta no poder de revelação da crítica cultural dialética para reabilitar o espaço da política no século XXI. Kornbluh se debruça sobre a forma e o conteúdo dos filmes e séries mais comentados do streaming, os queridinhos de crítica e público da literatura de autoficção, as tendências do mundo da arte e até as modas acadêmicas para explicar o que está por trás da atual intolerância à mediação e à representação. Mas não só, aponta também alternativas presentes nos produtos culturais e teóricos mais desafiadores que priorizam a distância, a impessoalidade e as grandes ideias: A recusa ética e política ao capitalismo de imediatez aparece como fissura no tecido discursivo da catástrofe e do colapso que tenta nos impedir de ver que, embora pareça tarde demais, o tempo de agir é sempre o nosso tempo de vida, escreve Rita von H