No Norte da Argentina, na metade do século passado, argentinos e imigrantes trabalham na terra e com a terra em pleno verão ardente, sob uma aparente calma. É preciso cultivar os grãos, levar o gado para pastar, ordenhar as vacas, domar cavalos, cuidar dos porcos e da vida alheia. É quase um hábito, assim como separar feijões, estender a roupa e dividir o mate. Por causa disso, a protagonista de Janeiro, uma adolescente de dezesseis anos chamada Nefer, anda muito angustiada. Desde o começo da trama, ela vive o terror de: o que será que vão pensar Nefer foi estuprada e está grávida. Assim sabemos, de uma vez, do mesmo modo que arrancamos um curativo da pele. E como lidar com uma situação dessas e, ainda por cima, em uma comunidade que não tem e/ou nega acesso à informação, à saúde e a qualquer possibilidade de afeto Logo chegará o tempo da colheita e, com ela também a barriga prenha, por conta disso, o corpo de Nefer, quase impróprio, só espera mesmo por um milagre.
Marca: MOINHOS EDITORA