\"A probidade moral, científica e filosófica de Voegelin não encontraria equivalente entre seus pares. Não foi apenas um pensador corajoso como poucos, como demonstram seus conflitos com o regime nazista, que tanto contrastam com o de sumidades da época, como Heidegger; tampouco se limitou a ser um historiador de vasta erudição, familiarizado com um número e diversidade impressionante de materiais, ou um teórico de raro vigor. Voegelin foi cada uma dessas coisas porque cada uma delas era necessária para que pudesse ser a outra. O pathos específico de sua obra foi sempre a recusa obstinada em dissociar essas três dimensões. Compreender seu pensamento passa, inevitavelmente, por perceber que os motivos que o levaram a não compactuar com o nazismo nos anos 1930, quando seria de seu interesse fazê-lo, são os mesmos que o impeliram a desafiar, nos anos 1950, o establishment universitário alemão, com suas conferências sobre H*tler e os alemães. E, do mesmo modo, desafiar o meio acadêmico americano com suas críticas ao positivismo então dominante. Por mais distintas que fossem as circunstâncias, em todos esses casos, Voegelin sempre seguiu o mesmo método: descobrir a verdade e dizê-la, custasse o que custar\". Alexandre Marques, no prefácio.