Eu li esse livro como se pastasse sobre um campo de grama verde. Há, portanto, um desterro que acompanha sua leitura, uma disposição em sair de onde se está que encontra naquilo que produzem essas autoras uma possível ressonância. Todas aqui estão de saída. Todas deixam, partem, dão as costas, desaparecem. Formam os seus próprios bandos ou seguem por um tempo sozinhas. Em oposição ao sedentário, eu poderia chamá-las de migrantes, expatriadas, refugiadas, nômades ou desertoras, por exemplo. Imagino que todas essas figuras sirvam, de algum modo e com diferentes ênfases, para falar do gesto que encontro na produção das autoras aqui reunidas. Há, por exemplo, um habitar do movimento próprio do nomadismo. Há também o desterro forçado da expatriada ou a luta pela sobrevivência da refugiada. Mas, a mim, a figura da desertora parece especialmente interessante. Desertoras porque se desalistaram de um recrutamento estúpido e fizeram da casa do pertencimento um deserto. Marca: DEVIRES EDITORA **