Trata-se de uma incursão na paisagem social e natural do Recife. O autor transforma a cidade em algo onírico e dialético. Há uma nítida aproximação entre um Recife idealizado e uma cidade real, ou seja, lugares através dos quais o eu poético se projeta e multiplica-se. A cidade do Recife é apresentada através de um mergulho em suas próprias margens, profundidades e superfícies, porém, tais periferias são pontes e fontes de vida. Os invisíveis, os esquecidos e as utopias também fazem parte do movimento dialético que procura ouvir e dialogar com as vozes da cidade, com seus estranhamentos, silêncios e subjetividades. Lâmina d’água é uma metáfora que evoca o Recife a partir de sua leveza e de sua profundidade, de seus elementos exteriores, periféricos e marginais. O Recife, assim como um horizonte, é um lugar de encontro e de fuga.