O fim do mundo traz questões imprescindíveis para os estudos da literatura porque ela sempre manteve uma relação paradoxal, de dependência e de interrupção, com a referência que faz ao “mundo real”. Imaginar, como o fim do mundo sugere, um mundo radicalmente diferente ou, ainda, um presente no qual humanos são coparticipantes, e não os protagonistas, é algo que afeta não só as produções literárias, mas também a teoria literária, habituada à centralidade da categoria “humano” para pensar a literatura. O que fazem, então, a teoria e a crítica literárias no mundo findando e diante do fim do humano, de um humano ou do seu humano (civilizado)? Os textos que compõem este livro se debruçam sobre essas questões, muitas vezes de modo detido, delongando-se em um tema específico, como o preconceito racial, ou no discurso de um único teórico, na materialidade do pensamento ou no corpo como perspectiva. Sob o viés dos estudos literários, os capítulos adensam o mundo no qual vivemos, complicando narrativas simplistas que suportam ideais evolucionistas, capitalistas, racistas e patriarcais.