Comparações entre o poema O padre, A moça, de Carlos Drummond de Andrade, e o filme O padre e a moça, de Joaquim Pedro de AndradeA descrição do amor, em O padre, a moça, plenamente realizado, acontece concomitante à morte (ainda que Joaquim Pedro desloque o momento em que a câmera se detém sobre o encontro pele, rosto, luz para um ponto anterior, com efeito ligeiramente diverso). De todo modo, na película como no poema o amor é triunfante, ainda que rodeado pela morte, e parte do seu triunfo se dá, no filme de Joaquim Pedro, pelo fato de que ele funciona, numa de suas faces, por oposição ao espaço escuro, de opressão e estagnação, da cidade de que se evadiram; é uma fuga, é uma saída (na morte/gozo), daquele estado de coisas.Que coros tão ardentes se desatam/ em feixes de inefável claridade? (...) Que fumo de suave sacrifício/ lhes afaga as narinas?/ Que santidade súbita lhes corta/ a respiração, com visitá-los?/ Que esvair-se de males, que desfal/ ecimentos teresinos?/ Que sensação de vida triunfante/ no empalidecer de humano sopro contingente?Meire Oliveira perseguiu essa história e a forma concreta que lhe dá vertebração e consistência no poema e no filme, realizando um trabalho que contribui (pelo próprio método amplo e investigativo de que lança mão), aos estudos comparativos de cinema e literatura.