Foi na internet que a escritora cearense Kami Girão perdeu a vergonha de mostrar aos olhos alheios o que escrevia, até então, em cadernos de brochura comprados pela mãe. No florescer dos primeiros blogs, quando as redes sociais sequer centralizavam em si todo um poder de comunicação digital, a autora ainda adolescente se arriscava a publicar seus textos e fazer amizades nos idos dos anos 2000. A relação íntima com esse canal a acompanhou pela vida adulta, onde seguiu vocalizando suas dores, dissabores e raivas nos espaços que a internet contemporânea apresentava. Malamanhada é o primeiro resultado desse contato íntimo com o on-line, uma coletânea de textos veiculados primeiramente em plataformas digitais ao longo de quatro anos - sobre corpo, mente e trabalho. Um produto de um tempo simbólico, que não nega sua origem cheia de desarranjos.