O que motivava Carolina a escrever era, segundo arma, um estado de fusão mental, uma manifestação involuntária que a inquietava mentalmente e só arrefecia com a escrita: Quando escrevia tinha a impressão que o meu cérebro normalizava-se (Jesus, 1994, p. 186). Antes de seus textos terem-lhe valido a denominação de poetisa e de ela ter recebido explicações sobre essa palavra, atribuía a vontade irresistível de escrever a uma patologia: Eu pensava que as coisas que brotavam na minha cabeça eram provenientes dos meus dentes. Procurei um dentista, solicitando um exame, êle não quis extraí-los (Jesus, 1994, p. 188). Mesmo depois de se tranquilizar com relação ao diagnóstico, Carolina continua a manifestar inquietação ante a vontade imperiosa de escrever, que fugia ao seu controle. Essa vontade é denominada aleatoriamente de ideias literárias, ideias poéticas ou pensamento poético, dos quais ela vai falar insistentemente em todos os cadernos, seja para registrar a presença do incômodo, para manifestar tranquilidade com sua ausência, ou para tentar relacioná-lo à situação de miséria que enfrentava (Elzira Divina Perpétua)