(...) Só Em Coimbra, Após A Guerra Colonial, E Já Numa Idade Mais Amadurecida, Me Encafuei De Tal Forma Na Obra Torguiana, Que Ainda Hoje, Passados Todos Estes Anos, Continuo A Frequentá-La Com Uma Assiduidade De Devoto Que Ainda Não Esfriou A Sua Fé. Esta Paixão Deve Ter Tido Origem Não Só Na Prosa Apurada Com Que O Escritor Lavra Cada Página De Cada Livro E Me Fascina Pela Simplicidade Trabalhada Até À Placenta Da Palavra, Mas Também No Facto De A Ambiência Espelhada Nos Contos E Sobretudo Em A Criação Do Mundo Ser Idêntica Ou Muito Semelhante Ao Pequeno Grande Mundo Da Ilha Onde Fui Nado E Criado. (...) A (Re) Leitura Dos Livros De Miguel Torga Invade-Me De Uma Paz Rústica, Genuíno Oásis Neste Mundo Barulhento, E Transmuda-Se Num Conchego Caldeado De Uma Ansiedade Mansa -Torga É Uma Personalidade Rebelde E Inquieta E Reflete-A Como Poucos Em Toda  Sua Vasta Obra. (...).