Este livro aborda as principais questões, teóricas e políticas, necessárias para a análise das lutas populares no Brasil e da América Latina. Dialogando com os clássicos do marxismo e com as abordagens contemporâneas, indica a potência e os desafios enfrentados pelos sem-terra, piqueteiros, indígenas, bem como pelo movimento sindical. Embora seu foco sejam os movimentos progressistas, oferece elementos fundamentais para a compreensão dos movimentos conservadores e reacionários que vicejam sob o neoliberalismo e colocam em xeque a democracia. Ao longo do percurso, o autor apresenta uma instigante tipologia de movimentos sociais, relacionando classes sociais a posições político-ideológicas potenciais. Nela há lugar não apenas para movimentos cujas bases sociais se identificam como classes e que apresentam demandas de ordem material, mas também para aqueles construídos a partir de outras identidades e em defesa de pautas variadas, como os movimentos feminista, antirracista, LGBTQIA+ e ecológico. Partindo da compreensão de que os conflitos sociais, das mais diversas ordens, são atravessados pelas condições materiais de existência, e de que as ideias e valores professados pelos agentes não estão desvinculados da estrutura social, a perspectiva aqui proposta sustenta que os movimentos, suas bases sociais e suas reivindicações são afetados, direta e indiretamente, pela dinâmica de expansão e de crise do modo de produção capitalista. Ao mesmo tempo, Eliel Machado analisa a luta de classes à luz das mudanças na conjuntura político-econômica, desvelando o impacto de governos, regimes políticos, partidos, eleições, modelos de desenvolvimento e alianças sobre a concepção e a prática dos movimentos que combatem as relações de dominação e opressão vigentes na sociedade capitalista. Os movimentos sociais politizam, tanto de formas progressistas quanto reacionárias, as desigualdades sociais e as diferenças de gênero, raça, sexualidade, nacionalidade, expressando a disputa pelo reconhecimento de direitos e por redistribuição de renda e riqueza. Ao combinar economia, política e ideologia, fatores objetivos e subjetivos, a relação entre classe e outros pertencimentos, esta obra amplia o escopo de análise usualmente adotado, indicando as possíveis conexões e projetos comuns a diferentes movimentos sociais. Desse modo, o autor não apenas realiza uma análise marxista, como se soma aos esforços que vêm sendo empreendidos para elaborar uma teoria marxista dos movimentos sociais. ANDREIA GALVÃO | IFCH UNICAMP
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