O olhar da memória coletiva é o que foi apagado no processo de colonização dos forçados à diáspora África-Brasil. A nossa sociedade racista prega pela invisibilidade, desumanização e exclusão do outro racializado. Ouvimos e aprendemos sempre a história e o passado do colonizador, nunca por meio das vozes dos colonizados. É nesse contexto, que Luana Ramalho Martins, por meio do paradigma afrocentrado e da escrevivência, visibiliza as vozes de três mulheres negras de Venâncio Aires, interior do estado do Rio Grande do Sul, para demonstrar a potência do autocuidado em saúde em territórios majoritariamente brancos, como processo coletivo e promotor de resistências sociais. A sua obra nos brinda com o papel que as construções sociais têm sobre as relações de cuidado, em seu sentido amplo relacional, nos corpos e na história de vida de mulheres negras atravessadas pelo racismo que as silencia cotidianamente. Diana Anunciação, Socióloga, Doutora em Ciências Sociais. Professora Adjunta do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Vice-Presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO)