O último livro de poesia inédita portuguesa chega-nos pela mão de José Alberto Oliveira. Aqui fica um poema para aguçar o apetite do leitor mais atento: NADA TÃO IMPORTANTE Encerrou o século, com muitas janelas partidas, paredes por rebocar, tapumes derrubados; os mercados regurgitam peças sobressalentes, engrenagens estropiadas. O cidadão, mosca torpe, agarra-se ao bordo da mesa, enquanto o inverno não chega. Alguns morrem. Com razões de sobra. Prosperam mecanismos, outros sufocam, há reclamações pelo atraso nas partidas. O circo, caída a noite, parte — esquecida, uma cabra magra rilha a urtiga das pedras.