É mais do que necessário repensar radicalmente não só a nossa história, mas os paradigmas com o quais a espécie humana se acostumou a se relacionar com a natureza e com as outras formas de vida. Se os antropólogos, cientistas e filósofos, mas também os biólogos e físicos, estão construindo outras possibilidades de leitura da nossa “evolução”, resta aos artistas a tarefa de criar imagens, alegorias e desenhar outras possibilidades de relações e de mundo. Laura Pugno (Roma, 1970) em Nós sem mundo foca a sua atenção como poeta, narradora e ensaísta, no coração dessa nossa crise. Uma escrita que perpassa por livros lidos na infância e depois na idade adulta, chegando até Stefano Mancuso, Anna Tsing e Eduardo Viveiros de Castro. São realmente muitos os tempos que se atravessam e os gêneros que Pugno ativa nesse laboratório que é Nós sem mundo. Uma abertura para um (novo) mundo é o que se performa nestas páginas, que estão muito distantes de uma posição solipsista ou narcisista, pois a aposta está justamente nos processos de hibridização, de contaminação e contágio; é da relação com o outro, a partir da diferença, que é então possível recomeçar. Marca: Não Informado