Um dos momentos políticos mais turbulentos do Brasil no início do século 21 é objeto de análise desta obra, que examina as opiniões de dois representantes da chamada grande imprensa acerca da derrubada da presidente Dilma Rousseff. A análise dos editoriais publicados entre novembro de 2014 e abril de 2016 por Folha e Estadão evidencia o caráter disciplinador e violento dos textos.Publicadas nos editoriais, expressões como deplorável esperneio, vexame, sandice, despautério e outros exercícios retóricos borraram a fronteira entre análise, acusação, julgamento e sentença.O autor traça um histórico da criação dos jornais para mostrar que eles não nascem sem propósito e identificar quem são as pessoas e os interesses servidos por suas opiniões. A apresentação dos editoriais de Folha e Estadão é instrumental para que o leitor entenda a índole das empresas, suas visões de mundo e como entendem suas atuações no cenário brasileiro.A pesquisa exposta no livro ilustra o conceito de que o jornalismo é muitas vezes utilizado para forjar um consenso social a respeito de temas e modos de ver o mundo, construindo uma visão hegemônica que pouco pode ter a ver com os interesses do cidadão ou com a complexidade social.