Ali estava a cabeça de alho. Dentro do cesto de palha, na bancada da cozinha, ao lado de outras cabeças de alho, das cebolas e do maço de louro, este último, ainda guardado no saco plástico do supermercado. Seria apenas mais um tempero: útil, importante e bastante apreciado; também nobre, saboroso e saudável, porém, apenas um tempero. Entretanto, aquela cabeça de alho guardava um segredo em seu interior, e não eram exatamente seus famosos dentes roxos, donos de incomparável aroma. Era algo maior, embora pequeno o suficiente para estar lá dentro: havia um reino inteiro, com nobres e várias castas de indivíduos.