O Saber dos antigos - Terapia para os tempos atuais+ Marca Página

Esse livro aborda o discurso da Igreja sobre a AIDS e a prevenção. A psicologia e a moral têm, cada uma, um discurso sobre o sexo. A Igreja apresenta outro discurso, apoiando-se numa concepção relacional da sexualidade. O preservativo faz parte dos meios possíveis para proteger-se contra o vírus da AIDS. O autor demonstra que não há, por parte da Igreja, uma condenação sistemática do preservativo. Em seu discurso pastoral, ela fala disso, mas vai mais longe ao questionar sobre o sentido da relação que se busca viver com o outro. O preservativo é necessário, mas jamais será suficiente enquanto sua utilização não for acompanhada do sentido da responsabilidade sexual no comportamento social. A reflexão sobre o comportamento é mais determinante do que o mero recurso à camisinha. O discurso humanitário anti-AIDS favorece precisamente o efeito inverso daquele que ele busca. De tanto exaltar os méritos do preservativo, que evitaria todos os riscos e liberaria toda responsabilidade na vida sexual, fortalece-se a idéia de uma sexualidade em kit sanitário, que se joga fora após o uso. O discurso da proteção individual é um ilusão intrusiva que tende a eliminar todos os riscos, manter a pulsão sexual no sentimento de onipotência infantil e fazer da sexualidade uma realidade transitória ao abrigo das interrogações existenciais e morais. Tony Anatrella enfrenta a polêmica da moral sexual. Ele analisa as estruturas psíquicas que estão na base das campanhas de prevenção da Aids, confronta as declarações e as diversas tomadas de posição. Depois desse percurso, afirma com segurança: a Igreja nunca condenou unilateralmente o uso do preservativo. Ela simplesmente não abre mão de chamar a atenção para os desafios fundamentais da sexualidade humana, que vão muito além do uso de um acessório de prevenção.