Um convite delicado e profundo à escuta interior que antecede a escrita. O livro combina prosa poética e poemas em uma costura fina e sensível, em que o silêncio não é ausência, mas presença plena. Um solo fértil, necessário à criação. O texto caminha entre perguntas e metáforas, explorando os limites da linguagem e da imaginação, com imagens como: "O silêncio escuta o mundo, e pelo oceano do silêncio navegamos" e "A palavra é flor fechada quando dentro de nós". A cada página, o leitor reencontra a si mesmo ou aquilo que ainda não sabia nomear.Autor de mais de 60 livros, Bartô deixou um legado literário marcado pelo lirismo. Em Para ler em silêncio, o escritor mineiro parte da infância vivida entre o campo e os livros para construir uma narrativa sobre o nascimento da palavra, da escrita e da fantasia como formas de resistir à aridez do mundo. "Escrever é impedir o esquecimento", afirma o autor, que transforma o ato de escrever em gesto espiritual, quase litúrgico.Publicado pela Global Editora em nova edição, a obra traz ilustrações de Marina Itano e posfácio da psicanalista e escritora Ninfa Parreiras. Assim, funde estética, memória, reflexão e poesia para tocar o leitor como quem sussurra verdades no vento.As ilustrações de Marina Itano dialogam com essa sutileza. Criadas a partir de carimbos manuais digitalizados, suas texturas evocam paisagens de sonho e paisagens de dentro, usando cores como o azul e o dourado para reforçar a aura onírica da obra. Como destaca Ninfa Parreiras em seu posfácio, a artista cria "um mergulho no mundo das letras", potencializando a experiência de leitura.Para ler em silêncio é uma travessia. Uma carta escrita em voz baixa para quem deseja escutar com os olhos e sentir com o coração. É leitura para ser feita devagar como quem escreve a própria história entre as pausas da vida.