Este livro, uma relíquia antiga, e ao mesmo tempo uma descoberta, quando traduzido para língua portuguesa, nos remete a nossa história colonial. Dentro dela, os esforços incansáveis de centenas de profissionais para serem reconhecidos e poderem exercer a profissão que amavam, até hoje emocionam. Rufus Estes foi um pioneiro, sem igual. Porém, seu esforço, e também o que conseguiu alcançar, certamente se compara com alguns heróis brasileiros do período de libertação da escravatura e da conquista por uma vida livre. Essa trajetória nunca foi feita sem sofrimento. O livro foi originalmente pensado para as pessoas que cozinhavam e serviam na casa nas casas de pessoas de classe média-alta, e que precisavam de instrução. Hoje o livro é perfeito para todos nós que gostamos de cozinhar para nós mesmos, família e para os amigos. O interessante dessa publicação é também o fato dela ter sido escrita de maneira bastante informal, que era o público da época e que hoje somos nós. As receitas não seguem uma ficha técnica com o modo de preparo detalhado, muito menos passo-a-passo com informações muito precisas. Em textos curtos, o autor consegue descrever a receita inteira, e que funciona. Curiosamente, trabalhando com chefs, aprendi que essa é a maneira que eles preferem também para trabalhar. O trabalho de montar fichas técnicas elaboradas com pesos precisos de ingredientes é um trabalho que é feito para uso nos restaurantes, onde entram e saem cozinheiros, mas onde as receitas precisam sair exatamente igual todos os dias. Não é o caso desse livro. Essa informalidade nos faz pensar também de como gastronomia evoluiu, e como por exemplo nouvelle cuisine vinda da França alterou a maneira de como comemos hoje empratado a maior parte dos restaurantes. Este livro já havia se tornado um livro de culinária para familiar Marca: Afluente