O lançamento deste livro de Maria Inês Rosa enriquece a atual discussão sobre o mundo do trabalho.Analisando a narração do testemunho de um único trabalhador sobre seu tempo de vidade trabalho, de empregado e desempregado, mostra-aemblemática com referência ao mercadoatual do trabalho e às transformações no sistema produtivo. Tempo em que os avanços tidos nosdireitos do trabalhador sofrem violações que retrocedem a situações que configuram trabalhoescravo, numa contraditória violação à legislação do País, por condições e práticas degradantes.E não são poucas as formas contemporâneas de escravidão como as apresentadas no livro.Maria Inês Rosa, socióloga, professora livre-docenteaposentada pela Unicamp, pesquisadoraque vem se dedicando ao tema em alentadas obras anteriormente publicadas, articula suasreflexões com a problemática do sujeito e a do poder. Nesses espaços, interdependentes, sãoanalisados esses dois tempos de vida do trabalhador, respectivamente o de não desemprego(trabalho) e o de desemprego. O mestre do possível que é o ser vivo humano, no uso que deleé feito, questiona as concepção e representação de seu corpo assimilado ao funcionamento deuma máquina, herdeiras daquelas que tomaram o corpo humano do trabalhador, na condiçãode escravo, como uma máquina animada (Aristóteles, na Política). Essas conformam e ancoramo uso de si capitalístico do homem/trabalhador até o presente. Desses tempos, aspectossão destacados: é a palavra relação ao outro/hospitalidade e testemunha dessa condição humanae da transmissão (herança) das experiências, coletiva e individual, e aí de uma línguaparticular, a de ofício, entre gerações, a tendência à ruptura dessa transmissão, e o descarte dotrabalhador, relegado à penumbra e, junto, suas experiências/memória, além de ser empurradoà posição de homo clausus.Para a socióloga e professora da USP-FFLCHHeloísa T. de Souza Martins, o cuidadoso trabalhode reconstrução da trajetória desse único trabalhador é sustentado por uma e
Ean: 9788578710170