Este livro propõe analisar a trajetória da luta dos camaroeiros de Vitória, Espírito Santo, para alcançar o seu reconhecimento enquanto pessoas atingidas pelo desastre. O autor reflete sobre como e por que um grupo tão vulnerável e fragilizado, distante do epicentro do desastre, conseguiu se organizar e se mobilizar para ser reconhecido como pessoas atingidas. É por meio da mobilização do direito que passam a adquirir consciência da sua situação e a pensar em estratégias e repertórios para superar os obstáculos e adversidades, culminando em um dos processos mais efetivos de reparação no contexto do desastre. Além disso, o leitor, a partir da luta dos camaroeiros e da experiência de 10 anos de atuação do autor no caso, terá uma compreensão ampliada a respeito das estruturas de reparação criadas para tentar dar uma resposta às consequências deste desastre, a respeito da luta pelo reconhecimento dos impactos no litoral do Espírito Santo e, especialmente, a uma reflexão crítica a respeito do uso de resoluções negociadas em conflitos ambientais, seja por parte dos camaroeiros, seja por parte dos demais atores investidos de legitimidade para tanto.