Em seu livro de estreia, Próximo, Leonardo Vicente Vivaldo perscruta, por sua palavra sinfônica e concisa, em verso lapidado e elegantemente esculpido, a voz ou as vozes de sua ancestralidade biológica e espiritual. Desvela, no espelho do outro, na face de seu avô, do ser amado-amante, ou no rosto poético dos escritores com os quais dialoga, a identidade de um eu prismático, um eu que se vê ao se distorcer, que se percebe tornando-se, primeiramente, um cego do próprio ego (no sentido restrito que tal palavra encerra, de onde se origina, por exemplo, a palavra egoísmo), para vislumbrar, clarividente, no outro, a sua verdadeira face. A identidade do poeta ganha verdade e contundência, na medida em que se espelha nesse próximo, nesse ser defronte, amadurecendo em si a força poética do existir e da palavra. Se para Sartre o inferno é o outro, para Vivaldo o outro é o paraíso, é o fruto de sabores e conhecimentos plenos (o que não significa ausência de dilemas, de infernos dentro desse Éden), com os quais burila sua vida e, claro, como o leitor poderá confirmar ao ler esse livro, a palavra feita poesia.
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