Educar é tarefa difícil, especialmente a partir da constatação de sermos um país sem “memória”. Enfrentamos, naturalmente, condições adversas para um trabalho contínuo, tranquilo e seguro e para as transformações indispensáveis à criação e renovação de caminhos e ação. Torna-se, então, desnecessário enfatizar o cuidado e a necessidade de uma “revisão” e avaliação urgentes do processo de aprendizagem que vem se desenvolvendo no país. Como levar o educando à compreensão de que tal processo não se restringe apenas a fornecer informações mas também a propiciar uma base cultural e gerar elementos para uma posição crítica perante os problemas do mundo? Como vincular este processo intimamente ao momento histórico, filosófico, social e cultural? É importante observar que tais questões possibilitam interpretações várias e pessoais, e que a ausência de registro e documentação tem como consequência o desgaste e desaproveitamento de experiências e tentativas que aprofundariam cada nova atividade empreendida, permitindo um trabalho mais produtivo. Hoje, contudo, o nome de Hamilton Werneck permite-me vislumbrar uma nova trilha aberta a desafiar, inverter e executar com competência tal processo. Mais de 50 anos de vida multiplicados por incalculáveis anos de dedicação, inquietação e estímulo, buscando adaptar necessidades e interesses, na ânsia de tornar o processo de aprendizagem mais rico, agradável e eficaz. Durante muitos anos, tive o privilégio de fazer parte da sua “prole”, sempre dividindo ansiedades e expectativas no dia a dia dos corredores, salas de aula e de coordenação. Deparo-me com seu livro Se você finge que ensina, eu finjo que aprendo, do qual tenho a pretensão e prazer de ter participado em dois momentos: no passado, com os colegas, como elemento de pesquisa e experiência de ensino; hoje, como colaboradora e amiga. Boa leitura! Elizabeth Accioly Vieira