Eu Escrevo Porque Não Sei Fazer Tranças E Por Isso Quase Por Mágoa Quero Trabalhar Com As Palavras Como Se Tranças Elas Fossem Foi Assim Que Eliane Marques Um Dos Principais Nomes Da Literatura Contemporânea Definiu Certa Vez Sua Arte De Fato A Poeta Molda A Materialidade Da Linguagem E Forma Tranças Com As Palavras Até Que Tudo Se Desloque E Se Reinvente Nas Muitas Camadas Dos Versose É Nessas Tranças-Tramas Que Acontece A Mágica De Sílex As Palavras Conhecidas Se Tornam Novas Quase Estranhas E As Desconhecidas Passam A Soar Íntimas E Fazem Vibrar Novos Sentidos A Voz Da Poeta Batuca As Sílabas E Os Leitores São Levados Pelo Ritmo Dessa Percussão Das Palavras Que Também Reverbera Em Nosso Corpoo Livro Se Divide Em Três Partes Que Se Referem A Diferentes Temporalidades No Tempo Inicial Anterior À Colonização A Divindade Maia Qán Uma Serpente Coloca-Se Em Movimento Na Seção Seguinte O Serpentear De Qán Funda Um Mundo Novo Que Na Seção Final Se Transforma Pela Força De Novos Símbolos E Signos Até Que Qán Se Transfigura Em Dán Também Uma Serpente Mas De Outra Tradição A Jejepara Forjar Esses Mundos E Tempos A Autora Cria Uma Língua Contínua Que Continua Lambendo Nada É Incorporado Sem Que A Língua Da Poeta Antes O Tenha Lambido Percutido E Transformado Em Matéria Própria Consciente De Que O Cômputo Dos Destroços Termina Nunca A Voz Que Soa Em Sílex É Também Política Mas Nunca Discursa Pelos Caminhos Evidentes Com Força E Beleza Extra Marca: Não Informado