Cabe cogitar que a sociedade contemporânea abriga os pilares estratégicos do fascismo – acontecimento histórico, político e social – consistentes em: 1) um projeto político de controle total; 2) uma estrutura econômica de tipo industrial-capitalista; 3) uma dinâmica social que gira em torno do vínculo massas-líderes; 4) uma cultura acrítica, conformista, sustentada, em última instância, em um perfil de subjetividade defensivo/agressivo, encouraçado? E que a relação entre esses quatro fatores acaba hiperestimulada em contextos de crise aguda, como a do período de 2010-2020, adotando forma de onda expansiva, neocolonial global, já no contexto anterior de deslocamento da hegemonia do Estado ao Mercado, ditado pela globalização neoliberal? Antonio Méndez Rubio, invocando base teórica consistente e evidências colhidas do cotidiano, assim o defende, e defende, ainda, que “o fascismo de hoje, diferentemente do fascismo clássico, é mais difícil de combater porque o levamos no fundo de nossos corações”. *** O autor destes escritos já os apresentou como antilivro. Este mosaico de passagens, fragmentos e citações trazidas de diferentes fontes trata da ideia polêmica da sobrevivência contemporânea de um fascismo renovado, de baixa intensidade (mas de alta eficácia – ressalva profilática relevante), como nova forma de totalitarismo. Esse fascismo de baixa intensidade não é o fascismo de toda a vida. Na sucessão das crises sistêmicas, até o atual contexto do neoliberalismo financeiro globalizado, há um fio condutor entre o fascismo clássico (1930), identitário (nacional), político-militar, centrado no poder de estado; o novo fascismo (1970), consumista, desenvolvimentista, espetacular, e o fascismo de baixa intensidade (2010), em uma chave aporofóbica (global), mercantil e tecnológica, instalado de forma fantasmagórica (espectral, difusa, ambiental, sem rosto), biopolítica (corporal, sensorial, emocional) e inconsciente (não deliberado, invisível, subterrâneo). Antonio Méndez Rubio adota a ideia de que “o fascismo de hoje, diferentemente do fascismo clássico, é mais difícil de combater porque o levamos no fundo de nossos corações”.