Frequentemente o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) é rotulado como uma ilha de excelência na administração pública nacional. Mais do que mero achismo, essa acepção traduz a influência de um ideal tecnocrático sobre a regulação. Para a autoridade concorrencial brasileira, a ideia de tecnocracia muitas vezes legitima a sua própria atuação. Este livro não apenas busca entender como esse ideal de tecnocracia foi desenvolvido no Brasil, mas também procura desmistificá-lo. Por meio de um exame empírico do nível de qualificação técnica dos líderes que moldaram a defesa da concorrência no país ao longo da história, o estudo revela que, longe de ser uma ilha de excelência , o CADE utiliza a retórica tecnocrática para promover uma antipolítica concorrencial. Ao supostamente despolitizar esse instrumento regulatório, a tecnocracia tende, na verdade, a concentrar o poder em um círculo fechado de tecnocratas, em detrimento de outras formas de controle e de participação democrática na governança econômica.