Tal como anteciparam os hippies e hoje acontece – em maior ou menor medida – com cada um de nós, a “qualidade de vida” passa a ser tão ou mais importante do que ganhos salariais, por mais que uma coisa possa também depender da outra. E como essa nova contradição afeta ainda mais duramente do que a outra a própria essência do sistema, uma nova esperança se acende. O próprio Direito do Trabalho com o qual muitos passaram, hoje, a sonhar – fundado mais no “fator humano” que no econômico –, aprofunda essa contradição, ao invés de lhe dar força, como antes acontecia. Ao se preocupar mais com o bem-estar, a auto realização, o descanso, a não concorrência e até um estilo de vida mais simples, ele promete ou pretende se tornar mais revolucionário do que conformista, completando – ou, de certo modo, até negando – a sua própria origem, em grande parte refém da lógica do capital. E este livro, por vias travessas, também dialoga com essas possibilidades. Com efeito. Ainda que possa gerar resultados de ordem econômica, a tese que as Autoras defendem, no fundo, é a preservação de um tempo para fruir a vida. É, portanto, basicamente, um credo oposto ao de um modelo econômico. Um modelo que vai deixando de ser amoral para se tornar, em grande parte, imoral, já que tantas vezes agente de tragédias e cúmplice da morte. Márcio Túlio Viana